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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Arte do Roubo

O mestre do roubo era tão eficiente que nunca foi preso. Sempre que ele ia roubar uma casa, deixava alguma coisa para indicar que o mestre do roubo havia estado lá. Sua arte tornou-se tão famosa que se ele roubasse uma casa e não a vizinha, os moradores da outra sentiam ciúmes – porque o mestre do roubo só ia à casa de pessoas merecedoras de sua pericia. Até o imperador do país queria encontrá-lo.
Tudo que o ladrão ia fazer era declarado antes da hora. Quando ia roubar alguém, primeiro criava rumores a respeito. De algum modo, a pessoa era notificada de que o mestre do roubo estava para chegar. “Previna-se como quiser. Em tal dia, e em tal hora, haverá um roubo”. Mas o ladrão nunca foi apanhado.
Quando ele envelheceu, seu filho lhe disse: “Agora você esta velho e eu não sei nem á-bê-cê de sua arte. Daixe-me prativar”.
O pai disse: “Isso é difícil. Não é uma ciência ; não é uma questão de técnica , de habilidade. Não posso ensiná-lo, a menos que você seja um ladrão inato. Só assim é possível. Meu trabalho é artístico; é uma arte criativa. Eu a tenho vivido. Ela não tem sido um pecado para mim; tem sido meu espírito. Assim depois veremos”.
Uma noite, ele pediu a seu filho que o acompanhasse. Eles foram a um palácio. O mestre pulou o muro. Tinha entre sessenta e cinco e setenta anos, mas não havia nenhum tremor em suas mãos. O filho era jovem e forte, mas estava transpirando mesmo naquela noite fria. Estava tremendo. Seu pai lhe disse: “Por que você esta tremendo? Seja apenas uma testemunha. Por que esta tremendo?” Mas quanto mais ele tentava não tremer, mais tremia. O pai começou a trabalhar como se estivesse em sua própria casa.
Eles foram para dentro. O pai abriu a porta de um gabinete e pediu ao seu filho para entrar. Quando ele entrou, o pai fechou a porta atrás de si. Depois, fez tanto barulho que a casa toda acordou. O mestre fugiu, deixando o filho fechado dentro do gabinete. Toda a família e todos os empregados começaram a procurar pelo ladrão. Você não pode imaginar o que estava acontecendo dentro do rapaz!
O pai foi para casa. A noite estava fria. Ele foi para cama e relaxou. Duas horas depois, o filho entrou correndo. Puxou o cobertor de seu pai e disse: “Você quase me matou! È esse o seu jeito de me treinar?”
O pai olhou para ele e disse: “Oh, você voltou? Ótimo! Conte-me o que aconteceu, mas não a historia toda. Isso não importa. Não entre em detalhes. Você voltou? Ótimo. A arte foi transferida”.
O filho estava ansioso para contar, mas mesmo assim disse: “Deixe-me contar primeiro que você quase me matou! Como pode ser tão cruel com seu filho?”
O pai disse: “Conte-me o que aconteceu, não o que fez. O que aconteceu depois que eu tranquei a porta?”
O filho disse: eu me tornei outra pessoa. A morte estava tão perto! Nunca senti tanta energia naquele hora. Tudo estava em jogo – viver ou morrer. Eu me senti totalmente consciente. Nunca estive tão consciente em minha vida. Transformei-me na própria consciência, porque cada momento era precioso. De um modo ou de outro, tudo estava para ser decidido. Então, uma criada passou pela porta com uma vela na mãos. Sua pergunta foi certa: “O que aconteceu?”, porque não posso dizer que “eu” fiz aquilo. Mas de algum modo fiz um barulho parecido com o de um gato. Ela abriu a porta e olhou para dentro com seu vela.
“Não posso dizer que “eu” fiz aquilo. Soprei a vela, empurrei-a e corri. Comecei a correr com tanta força que não podia dizer que”eu” estava correndo. A corrida aconteceu. “Eu” nem estava lá; não estava la de jeito nenhum. Havia apenas uma força em movimento.
“Eles me seguiram. Passei por um poço profundo. E aconteceu. Não posso dizer que “eu” fiz aquilo, mas peguei uma pedra e joguei-a no poço. Eles rodearem o poço e pensaram que o ladrão Havia caído nele. Assim agora estou aqui.”
Quando ele terminou, o pai estava dormindo profundamente. Ele nem tinha ouvido a história. De manha, ele disse: “Os detalhes são irrevelantes. A arte não pode ser contada, apenas demonstrada através de exemplos vivos, de comunhão constante”.
Bhagwan Shree – Eu Sou a Porta

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