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quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Experiência Mística

“A experiência mística pode ser caracterizada, resumidamente, como uma sensação direta de ser um só com Deus ou com o espírito do universo. Apesar de a oração e o sacrifício implicarem uma grande distância entre Deus e o homem - ou entre Deus e o Mundo -, o místico tenta transpor este abismo. Em outras palavras: o místico não sente a existência desse abismo. Ele é ‘absorvido’ em Deus, ’se perde’ em Deus, ou ‘desaparece’ em Deus. Isso porque aquilo a que normalmente nos referimos como ''eu'' não é o nosso eu real. O mistico experimenta pelo menos por instantes , a sensação de ser indivisível de um eu maior - não importa que ele dê a isso o nome de Deus, espirito universal, ou qualquer outra coisa(Um místico indiano disse certa vez: ‘ quando eu existia, não existia Deus - agora Deus existe, e eu não existo mais’. Ele ’se perdeu’ em Deus.)
No entanto, uma experiência dessas não acontece espontaneamente. O místico deve percorrer "o caminho da purificação e da iluminação" até seu encontro com Deus. E esse caminho — que pode ter uma série de níveis ou estágios — muitas vezes inclui o ascetismo, exercícios respiratórios e técnicas complexas de meditação. É então que, de súbito, o místico alcança seu objetivo e pode exclamar: "Eu sou Deus!", ou: "Glória a mim! Como é grande minha majestade!".
O incentivo de um místico com frequência é um amor ardente por Deus. Assim como o amante se esforça para se unir com o objeto de seu amor, o místico se esforça para se tornar um só com Deus. Há um anseio que permeia o mundo todo. Essa radiância divina que se encontra no homem, anseia por se libertar de sua existência individual. Pois aquele que anseia por Deus, anseia simplesmente por aquilo que Deus anseia. E nesse êxtase místico — ou união mística — que se dá o encontro com Deus. "Eu sou aquilo que amo", exultava um místico persa, "e Aquele a quem amo sou eu!"
TENDÊNCIAS MÍSTICAS
Podemos encontrar tendências místicas em todas as grandes religiões do mundo. E as descrições que os místicos nos fornecem da experiência mística demonstram uma notável uniformidade, apesar das fronteiras sociais, culturais e religiosas, e de enormes diferenças cronológicas e geográficas. Isso nos permite falar de uma dimensão mística em todas as religiões, e foi por essa razão que o filósofo alemão Leibniz chamou o misticismo de philosophia perennis: a "filosofia perene".
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO MÍSTICO
Com base nos relatos de místicos de várias épocas e culturas, normalmente são atribuídas as seguintes características à experiência mística:
* O místico sente uma unidade em todas as coisas. Há apenas uma consciência - ou um Deus - que permeia tudo.
* Embora o místico já venha se preparando há muito tempo para seu encontro com Deus, ou com o espírito universal, sente-se passivo quando isso acontece. É como se ele fosse tomado por uma força externa.
* Essa condição se caracteriza pela intemporalidade. O místico se sente arrancado para fora da existência normal de quatro dimensões.
* O êxtase em si é transitório, e em geral não dura mais que alguns minutos.
* Mas ele possibilita um novo insight, que permanece com o místico depois da experiência.* Essa compreensão é inexprimível, não pode ser comunicada a outros.
* Como a experiência é paradoxal em si mesma, o místico vai usar paradoxos ao tentar descrever o estado que experimentou. Assim, pode definir o ser encontrado como "abundância e vazio", "escuridão ofuscante" ou algo parecido.
É somente quando o místico apresenta uma interpretação religiosa ou filosófica de sua experiência mística que o seu contexto cultural entra em foco. Especialmente no misticismo ocidental (cristianismo, judaísmo e islã), o místico irá ressaltar que seu encontro foi com um Deus pessoal. Mesmo que tenha sido "absorvido em Deus", ele costuma dar ênfase ao fato de que havia uma certa distância entre Deus e o mundo. Algo da relação eu-tu, ou eu-Deus, se mantém. Esse tipo de misticismo já foi chamado de misticismo teísta. No misticismo (hinduismo, busismo e taoísmo) é mais comum afirmar uma identidade total entre o indivíduo e a divindade, ou espírito universal. Poderiamos dizer que esse encontro do místico com a divindade ocorre com uma relação eu-eu. Sim, pois Deus não esta presente com uma mera centelha na alma do homem. O divino existe em todas as coisas deste mundo, é uma realidade imanente. Já se denominou esse tipo de misticismo panteista.
Também para o homem moderno a dimensão mística pode desempenhar um papel decisivo. Muitas pessoas reconhecem que tiveram experiências místicas, sem atribuí-las a nenhuma religião específica. É típica desses "místicos modernos" o fato de que, de modo geral, não tomaram nenhuma atitude ativa para se transportar a um estado místico. De repente, no meio da agitação rotineira da vida diária, experimentaran aquilo que chamam de "consciência cósmica", "sensação oceânica" ou "osmose mental".
Do livro "O livro das Religiões" - Jostein G., Henry N. e Victor H.

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