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domingo, 5 de julho de 2009

O Oráculo de Delfos

A lenda

Querendo medir com exatidão o centro do mundo, Zeus fez com que duas águias fossem soltas de lugares opostos da terra. Quando o vôo das duas se cruzou, ali bem embaixo o todo-poderoso determinou ser o local – uma pedra situada nas cercanias do monte Parnaso - do ônfalos, o umbigo do mundo. Anunciou então a todos que dali ele entraria em contato com quem desejasse fazer-lhe consultas ou pedir-lhe orientações.

Porém, a região era dominada pela monstruosa Píton, uma cobra gigantesca (urôbolo) que espantava qualquer possibilidade de aproximação. Coube então a Apolo oferecer-se para enfrentar a serpente, representante das forças primitivas e irracionais, derrotando-a num formidável combate. O deus vitorioso sepultou os restos do ofídio monstruoso exatamente embaixo do solo em que se ergueu o templo de Delfos, no golfo de Corinto, local em que as mensagens de Zeus, por intermédio de Apolo, chegariam aos interessados.

Foto: No filme Matrix o Oráculo de Delfos é ilustrado de forma semelhante. Na entrada do templo havia uma frase: "Conhece-te a tí mesmo"´que também é ilustrada no filme.

Oráculo de Delfos: o templo das previsões
Como a procura pelas previsões era muita, marcar uma audiência demorava um bom tempo, obrigando a que, com o passar dos anos, outras instalações fossem construídas para abrigar os visitantes, formando um verdadeiro complexo de pequenos santuários, habitações e pousadas para acolher aquela gente toda. Como observara Cícero (De advinationes), não havia povo ou corpo político conhecido que pudesse dispensar os adivinhos, os arúspices ou os magos, para levar a diante as suas empreitadas. A questão para a qual se desejava uma orientação era firmada numa tabuinha de argila e, em seguida, levada à uma das sacerdotisas, chamadas de pitonisas (referência à Píton). Entendida a mensagem, ela recolhia-se para o interior do templo e, sentada num trípode (um banco de três pés) começava a aspirar os “vapores divinos” que emanavam das rachaduras abertas no chão.
Dava-se então o momento do transe, quando a pitonisa, sob efeito do “fumo sagrado”, começava a dizer coisas sem nexo, palavras cifradas que aparentemente não tinham nenhum sentido, mas que eram religiosamente anotadas pelos sacerdotes. Esta linguagem críptica, confusa e enigmática, ficou conhecida como “sibilina”, talvez por ter sido associada a uma das pitonisas mais famosas chamada Sibila (nome adotado por várias outras sacerdotisas que a seguiram na função de serem as intermediárias entre Febo Apolo e os humanos).
Como uma delas, certa ocasião, foi seqüestrada e violentada, adotou-se o princípio de somente admitir mulheres maduras, de mais de cinqüenta anos e que não fossem atraentes, para não estimular mais tal tipo de brutalidade. Não somente o número de pitonisas aumentou, como igualmente abriram-se locais oraculares em outros sítios escavados nas rochas para poder, ainda que parcialmente, atender a infindável fila de peregrinos. É bem possível que a mastigação de folhas de louro por parte delas, para obter de imediato o transe necessário, fosse igualmente uma maneira mais rápida delas satisfazerem a clientela que não parava de chegar vinda dos quatro cantos da Hélade.
O geólogo americano Jelle Zellinga de Boer afirmou que a zona do monte Parnaso assenta-se sob uma fratura geológica subterrânea da qual fluem gases hidrocarburetos e hidrossulfúricos ( tais como metano e etano) que seriam os responsáveis pela revelações em transe das pitonisas.
Plutarco (46-120 d.C.) deixou um extenso testemunho sobre o funcionamento do oráculo. Descreveu as relações entre o deus, a mulher e o gás, comparando Apolo a um músico, a mulher a seu instrumento e o pneuma ao plectro, com o qual ele a tocava para fazê-la falar. Plutarco enfatizou que o pneuma era apenas um elemento que desencadeava o processo.
A ÚNICA REPRESENTAÇÃO da sacerdotisa, ou pitonisa, de Delfos, da época em que o oráculo estava ativo, mostra a câmara de teto baixo e a pitonisa sentada em um trípode. Em uma das mãos ela segura um ramo de louro (a árvore sagrada de Apolo); na outra ela segura uma taça contendo, provavelmente, água proveniente de uma fonte e que penetrava, borbulhando, na câmara, trazendo consigo gases que levavam a um estado de transe. Esta cena mitológica mostra o rei Egeu de Atenas consultando a primeira pitonisa, Têmis. A peça foi feita por um oleiro ateniense em torno de 440 a.C

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