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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ao Som da Vida

Reuniram-se no centro da cidade, para uma parada musical, três músicos. Ao som de três violões, dois sabiás, uma gaita falante, e alguns convidados que haviam de chegar. Isso foi por volta das quatro horas da tarde, quando o mundo ainda era jovem.
"Interessante saber que as pessoas estão unidas através da música." Abismado, observando diferentes pessoas que ali passavam e deixavam seus sorrisos. Todos no mesmo pátio do museu da praça.
"O intuito da música aproxima as pessoas, é algo inexplicável, não dá para falar, faltam palavras, há de ser inventado um vocabulário para explicar o inexplicável."
Tarde ensolarada, sob o sol azul vem minha doce criança. "Minha música esculpe-a. Meus velhos amigos hippies que acabei de conhecer acabaram de chegar. Mendigos, bancários, gringos, viajantes e idosos, cheguem perto, aqui somos todos iguais e diferentes, não indiferentes." Proclamou-se na terra sob o mesmo céu.
"Olhe para a beleza da música e escute os sons deste céu que nos abriga. Descubra o amor que nos envolve."
"Todos os dias vivamos um sonho. É que eu perdi a chave da realidade. Acho que coloquei no bolso da calça que mandei lavar, ou estava dentro de um livro que vendi para o sebo. Perdi para nunca mais."
Naturalmente os músicos deixavam as pessoas bem à vontade, quero dizer a música os convidava para sentar, pela própria natureza da música se acomodavam. Os mais tímidos se sentavam no banco ao lado, para ver a tarde passar. Os músicos conquistavam as pessoas pela simpatia e música.
"Curtem David Bowie?" – pergunta o garoto de cabelos dourados, que fugiu de casa por liberdade precoce, tirando das costas um violão vermelho que ofusca meus olhos. Era de diamante e suas cordas eram de náilon.
"Que todos nossos antepassados nos escutem. Fazemos música digna de beleza, de uma orquestra sinfônica, para semear o que um dia os grandes mestres semearam. Da magia da música. Que força é essa que nos chama e nos reúne em algum lugar deste mundo? Será segredos codificados em sons?"
O bancário era, na verdade, dono de um estúdio. A velhinha, passeando com os netos, foi bailarina quando jovem. O cigano ébrio, que preferia "Doors", nos convidava para um "Light My Fire". O ciclista, que veio de Londres para nos encontrar, aproveitou a deixa para um descanso. Blues e samba para todos nós, com direito a gaita, gaita que corre sob os trilhos do trem.
O tempo foi passando, o sol já caindo, mas a música não se pôs, os músicos não pararam, queriam mais. Queriam a vida inteira.
Uma parada para o café filosófico: "A arte é a imortalidade do homem, pois tudo que é arte, se manifesta em sinceros sentimentos. Seja ela palavras, pinturas, amores. Se você escreve no papel hoje, ele perdurará na eternidade. Meu grito, para os próximos milênios. A arte falara por mim."
"Imagine ser imortal. Transcender a música, virar vento e estar no coração dos bons. Percorrer mundos. Assim eu sempre estarei ausente presente para o amor que me toca na noite pastoral, em cima do telhado de pedra da igreja. Inspirando pessoas, encorajando corações, ensinando-os a dançar ao som da vida.
Se despedindo com "Bittersweet Symphony". A música tocada ao som de violino foi emitida por assobios, todos juntos, bem auto para que a praça inteira pudesse ouvir, cantando por um único coração. Ao lado uma fotografia incrível de um casal se beijando.
"Já é tarde, obrigado pela música. Amanhã o sol nascerá de novo"
Os músicos continuaram a caminhar pelo mundo. Tocaram sob as montanhas Incas, no coração da floresta Amazônia. Curaram o cego e andaram em cima do mar. Tocaram para o povo em Jerusalém. Levaram a música aos índios de Salvador e encontraram Adão e Eva no paraíso. Inventaram a cítara e o bazantar.
"Antes eu escutava "Bittersweet Symphony" sem ao menos saber o que dizia. Apenas sentia. Quando me deparei com a tradução foi incrível, tudo se correspondia. Gostava de ouvir ela no carro, enquanto meu pai dirigia na estrada. Me sentia como um pássaro. Era a própria liberdade manifestada em música."

Dom Costa

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